«O cérebro é o meu segundo órgão favorito...» Woody Allen

quinta-feira, 31 de julho de 2014



Entre os teus lábios
é que a loucura acode
desce à garganta, 
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugénio de Andrade


terça-feira, 29 de julho de 2014



Limpava o chão como quem se quer livrar de 

todo o mal que há no mundo. Mesmo assim, 

havia sempre algo que ficava por limpar. Mas 

ao menos aqui podia voltar atrás e esfregar 

todas as manchas que teimavam em macular-lhe 

caminho.




segunda-feira, 28 de julho de 2014

sexta-feira, 25 de julho de 2014



Um abraço é um beijo na alma...tem sabor, traz alegria..é um falar sem palavras.
E é tão bom falar assim!



quinta-feira, 24 de julho de 2014

O amor...








A Idealização do Amor 


Eu estava a pensar na forma como se poderá entender o amor, à luz da minha formação. Da minha perspectiva, depende daquilo que o outro representa, se o outro é um prolongamento nosso, é uma parte nossa, como acontece muitas vezes, ou é uma idealização do eu de que falaria o Freud. No sentido psicanalítico poder-se-ia dizer que o amor corresponde ao eu ideal e, portanto, à procura de qualquer coisa de ideal que nós colocamos através de um mecanismo de identificação projectiva no outro.

Portanto, à luz de uma perspectiva científica, como é apesar de tudo a psicanalítica, o problema começa a pôr-se de uma forma um bocado diferente. Nesse sentido e na medida em que o objecto amado é sempre idealizado e nunca é um objectivo real, a gente, de facto, nunca se está a relacionar com pessoas reais, estamos sempre a relacionarmo-nos com pessoas ideias e com fantasmas. A gente vive, de facto, num mundo de fantasmas: os amigos são fantasmas que têm para nós determinada configuração, ou os pais, ou os filhos, etc.

(...) O amor é uma coisa que tem que tem que ver de tal forma com todo um mundo de fantasmas, com todo um mundo irreal, com todo um mundo inventado que nós carregamos connosco desde a infância, que até poderá haver, eventualmente, amor sem objecto. O amor não será, assim, necessariamente, uma luta corpo a corpo, ou uma luta corporal, mas pode ter que ver realmente com outras coisas, uma idealização, um desejo de encontrar qualquer coisa de perdido, nosso, que é normalmente isso que se passa, no amor neurótico, ou mesmo não neurótico. Quer dizer, é a procura de encontrarmos qualquer coisa que a nós nos falta e que tentamos encontrar no outro e nesse caso tem muito mais que ver connosco do que com a outra pessoa. Normalmente, isso passa-se assim e também não vejo que seja mau que, de facto, se passe assim.

António Lobo Antunes, in "Diário Popular (1979)"













quarta-feira, 23 de julho de 2014

muitas vezes..






Se eu não fizer
assim (como hei-de
dizer?) amor
sim amor contigo
muitas (meu deus!) vezes
com preguicinhas boas
tolices ao ouvido
revoadas de beijos
repentes dentes
olhares pestanejados com carinho
oh
nem terei nome
serei "o coiso" "esse aí" o "como
é que ele se chama?"
o que dorme singelo
o que ninguém ( ai ai) ama.


Alexandre O'Neill 








quinta-feira, 17 de julho de 2014


E as tuas mãos,
Com urgência

Fazem o caminho...




Em êxtase,
Sacias a vontade...

terça-feira, 15 de julho de 2014

Olho-te...


'Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém.' M.E.C.





segunda-feira, 14 de julho de 2014


Para começar...

A carne  tem fome
Os sentidos dementes
Deliram
Pedem...









O desejo corre solto

Invade
Consome
As mãos inquietas
Querem mais


Desenham obscenidades

Na tua pele...







Quero mais

Aqui e agora
Saborear-te...
Em goles...

Onde o prazer é vivido
E o gozo permitido...








sábado, 12 de julho de 2014

sexta-feira, 11 de julho de 2014






"E quando nos beijávamos e eu perdia respiração e, entre suspiros, perguntava: em que dia nasceste? E me respondias, voz trémula: estou nascendo agora."

Mia Couto






quarta-feira, 9 de julho de 2014

No meu jardim...







Quem? Quem és tu? 

Quem és tu que me perturba o pensamento? Que me distrai do sono? Pelo qual a minha mente vagueia incessantemente?
Onde estás tu? Quem és tu que me faz sorrir? 



terça-feira, 8 de julho de 2014

Dar fogo à peça...





Que fogo é esse que me consome,

que chega de mansinho, cada vez 

que penso em ti?

É um fogo...

Se é paixão ou loucura, não sei!

Só sei que ao pensar em ti... 

sinto uma vontade enorme de te queimar...de me queimar...
Quero-te...



domingo, 6 de julho de 2014


E é a força sem fim de duas bocas,

De duas bocas que se juntam,

loucas! 

Alexandre O'Neill



sábado, 5 de julho de 2014

Olha-me...




Que o teu olhar veja...

Que tu sintas...que podemos tocar

 a vida um do outro...










quinta-feira, 3 de julho de 2014

Mais...


Haja o que houver, 

há sempre mais. 

Aconteça o que acontecer,

 há sempre outra coisa a acontecer também.





quarta-feira, 2 de julho de 2014

Para atravessar contigo o deserto do mundo






Para atravessar contigo o deserto do mundo 
Para enfrentarmos juntos o terror da morte 
Para ver a verdade, para perder o medo 
Ao lado dos teus passos caminhei 

Por ti deixei meu reino meu segredo 
Minha rápida noite meu silêncio 
Minha pérola redonda e seu oriente 
Meu espelho minha vida minha imagem 
E abandonei os jardins do paraíso 

Cá fora à luz sem véu do dia duro 
Sem os espelhos vi que estava nua 
E ao descampado se chamava tempo 

Por isso com teus gestos me vestiste 
E aprendi a viver em pleno vento 

Sophia



Alma...




Corpo...






Corpo e Alma...



terça-feira, 1 de julho de 2014